ARTE EM NÓS

ARTE EM NÓS

FULGOR - E SE A CORAGEM TIVESSE UM GESTO, QUAL SERIA?

8 SETEMBRO
CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS DE ANGRA DO HEROÍSMO / ILHA TERCEIRA


A partir de uma coreografia inspirada em relatos das memórias da revolução de 1974 e das transformações colectivas que se seguiram, este espetáculo reúne diferentes experiências de liberdade, explorando a individualidade de cada bailarino como parte de um coletivo. Inspirado na Commedia dell'Arte, este projeto conta com a criação de um corpo de baile participativo, símbolo da diversidade de vozes, cuja ideia central é explorar como o ímpeto de liberdade foi vivido por personagens que impulsionaram a transformação colectiva. Neste é adoptada a ideia de "Artivism" (arte + activismo), um movimento que procura utilizar a arte como uma forma de expressão e envolvimento, através da criação de obras que transmitam mensagens políticas, sociais e culturais relevantes, visando o envolvimento cívico e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

CONCEITO ARTÍSTICO: Transformação colectiva a partir do ímpeto individual “Todos tínhamos tido um tio na prisão. O meu foi o Tio Ernesto, um comunista que viveu ora escondido ora preso e que contava as histórias do que tinha vivido e de como tinha sobrevivido com um sorriso e um cigarro na boca...” Uma das mais famosas que contava era sobre umas socas. Fazia rodar o salto com a ajuda de um parafuso e quando recebia visitas na prisão do Monte Brasil em Angra do Heroísmo (onde esteve preso por muito tempo) conseguia ser o correio da prisão sem nunca ser descoberto.” (Teresa Simas). Estes relatos, muitos dos quais encontrados nas obras de Raquel Varela, remetem-nos às memórias da revolução, às lutas pela liberdade e democracia, e às transformações colectivas que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 em Portugal. A ideia central é explorar como o ímpeto de liberdade vivido por personagens como o Tio Ernesto de Teresa Simas pode impulsionar a transformação colectiva. A coreografia procura dar vida às histórias de pessoas que, movidas pelas suas convicções, contribuíram para uma sociedade mais justa e igualitária. Uma citação relevante de Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, realça a importância da arte como agente transformador: "A arte não é um espelho para refletir a realidade, mas um martelo para moldá-la". Estas palavras destacam o poder da arte em provocar mudanças sociais e políticas. Outro autor que escreve sobre arte e liberdade colectiva é o filósofo francês Jacques Rancière. Na sua obra "O espectador emancipado ", Rancière defende que a arte tem o potencial de emancipar o espectador, transformando-o de mero recetor passivo a um agente ativo na construção de um mundo mais igualitário. 

ESPAÇOS DE AVENTURA E LIBERDADE: Espaços não convencionais, carregados de história e significado, servem como cenário para a exploração da revolução interior dos bailarinos e suas ramificações no coletivo. Inspirado na Commedia dell'Arte, o baile participativo representa o coro da nossa Pólis, simbolizando a diversidade de vozes e experiências que se unem na luta pela liberdade e democracia. Assim como o coro da nossa pólis em pós-revolução arregaçou as mangas e transformou a paisagem urbana, procura-se resgatar essa energia colectiva e inspirar os participantes a refletirem sobre a importância da participação cívica e da construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

INOVAÇÃO E LEGADO: O aspeto inovador manifesta-se através de uma abordagem artística única que combina coreografia, história e memórias do 25 de Abril, proporcionando uma experiência envolvente para o público. Espaços não convencionais são utilizados para a realização das apresentações, permitindo uma maior interação com o público e uma experiência artística diferente. Além disso, a integração de arte e ativismo, conhecida como "artivismo", promove o envolvimento cívico e a reflexão sobre questões sociais e políticas, representando uma abordagem contemporânea e inovadora para a arte. O legado do projeto é evidenciado pelo resgate histórico da luta pela liberdade e democracia em Portugal, mantendo viva a importância do 25 de Abril na história do país. A iniciativa promove a reflexão sobre os valores democráticos, realçando a relevância da participação colectiva na construção de um futuro mais promissor e igualitário. Ao abordar desafios contemporâneos e promover debates e reflexões, o projeto inspira a sociedade a procurar soluções e a participar activamente na construção de um mundo melhor. Dessa forma, o conceito de inovação e legado neste projeto está relacionado tanto à abordagem artística e à forma como a performance é apresentada, quanto ao resgate histórico e à inspiração que proporciona para enfrentar os desafios atuais da sociedade.

CORPOS ARTÍSTICOS:
TERESA SIMAS: DIREÇÃO ARTÍSTICA E COREÓGRAFA;
NUNO MIGUEL DIAS ESTEVES (BLUE): DIREÇÃO DE FIGURINO;
LEONARDO CENTI: BAILARINO (mestre em ballet e investigador na prática da dança);
IARA CARVALHO: BAILARINA (ballet clássico e dança contemporânea);
FILIPE RAPOSO: COMPOSIÇÃO ORIGINAL; 

CORPO DO BAILE PARTICIPATIVO: A proposta do "corpo de baile participativo" inspirado nos personagens da Commedia dell'Arte permite um ponto de partida para improvisação e críticas sociais e políticas de forma criativa, tornando-se uma forma de resistência e questionamento. A dança se tornou acessível a todas as camadas sociais, contribuindo para sua popularidade e disseminação. Buscamos criar uma obra de dança que explore questões sociais pertinentes, celebrando valores de liberdade e democracia e provocando reflexões no público para inspirar mudanças positivas na sociedade. 

MÚSICA: original de Filipe Raposo
DURAÇÃO: 60 minutos (aproximadamente)
NÚMERO DE PARTICIPANTES: 15 (aproximadamente)
PRODUÇÃO: Égide – Associação Portuguesa das Artes
PARCERIAS: Orquestra de Câmara Portuguesa

Teresa Simas, coreografa

Teresa Simas, bailarina, coreógrafa, com diploma de estudos avançados em dança pela Universidade de Lisboa (FMH). Durante 22 anos dançou em países como Ucrânia, Rússia, Reino Unido, França, Estados Unidos, Brasil e Portugal. Começou a criar no Dança Grupo como intérprete cocriadora em 1986. 

Os seus trabalhos foram apresentados no GITIS – Instituto de Artes Dramáticas de Moscovo, onde estudou; no Purcell Room, em Londres; no Festival de Saaremaa, na Estónia; no Centro Cultural Belém, em Lisboa, e noutros festivais e eventos. É autora do programa de rádio “Dança Falada, Ouvir a Dança” transmitido pela Antena 2, em 2012. É cofundadora da Orquestra de Câmara Portuguesa, onde criou o programa de Consciência Corporal para músicos, iniciativa difundida em diversas orquestras e festivais internacionais. 
Encena e coreografa programas da OCP desde 2011. Desde 2007 é Diretora Executiva de Projetos e Inovação na OCP. Fundou o Dança Grupo Plus em 2020.